O que há por trás dos novos desenhos infantis — e por que devemos nos preocupar
- marinahelou
- há 4 dias
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Atualizado: há 3 dias
Os desenhos mudaram e isso preocupa quem cuida da infância.
Você já reparou como os desenhos infantis mudaram?
Hoje, as telas estão cheias de cores vibrantes, cortes rápidos e sons intensos. O que parece apenas uma nova estética esconde um problema sério: o cérebro das crianças ainda não está preparado para lidar com tantos estímulos ao mesmo tempo.
Antes, o tempo era outro. Desenhos como O Pequeno Urso tinham pausas, falas calmas e histórias simples, que deixavam espaço para a imaginação e o afeto. Agora, produções como Masha e o Urso e tantas outras seguem um ritmo frenético. O resultado é uma enxurrada de estímulos visuais e sonoros que podem impactar o desenvolvimento das crianças.


Pesquisas publicadas pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS, 2018) mostram que a exposição constante a vídeos muito rápidos e de alto estímulo está associada a dificuldades de atenção e foco em fases posteriores da infância. O cérebro infantil está em formação e não foi feito para lidar com tanta informação ao mesmo tempo.
Nos últimos meses, um novo fenômeno tem chamado atenção: vídeos infantis inteiros sendo criados por inteligência artificial, sem qualquer curadoria humana. Esses conteúdos são programados para prender a atenção das crianças o máximo possível e, muitas vezes, incluem cenas violentas ou perturbadoras disfarçadas de animação “fofa”. Em vez de pensar no desenvolvimento cognitivo ou emocional, o foco é apenas no engajamento.
As grandes plataformas digitais lucram com a atenção das nossas crianças, mas raramente assumem responsabilidade pelo que entregam nas telas. É por isso que defendo mais segurança digital e regras claras para essas empresas. Cuidar da infância também é garantir que o ambiente digital seja saudável e seguro. O algoritmo não pode decidir o que educa, diverte ou influencia nossas crianças. Esse papel é nosso: das famílias, da sociedade e do poder público.
Escolher o que as crianças assistem é um ato de cuidado. Repensar o tempo de tela, supervisionar o conteúdo e priorizar produções que respeitem o tempo e o desenvolvimento infantil são passos fundamentais para uma infância mais protegida. Qualquer tempo de qualidade que você passa com seu filho já vale muito e faz toda a diferença.
A infância precisa ser cuidada também no mundo digital. E esse cuidado começa quando a gente para para refletir sobre o que as crianças estão assistindo e exige responsabilidade de quem lucra com a atenção delas.




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