Acolher II
Fundação Faculdade Regional de Medicina de São José do Rio Preto
São José Do Rio Preto
Resumo
Em algum lugar do mundo, neste momento, crianças e adolescentes estão sendo vítimas de agressões que podem ser físicas, psicológicas e/ou sexuais. Recém-nascidos estão sendo abandonados à própria sorte, negligenciados. Muitas crianças estão sendo agredidas violentamente por suas mães ou pelos seus pais, outras tantas estão sendo abusadas sexualmente por seus padrastos, namorado da própria mãe ou por parentes próximos, até mesmo pelo próprio pai, mas estes não vão contar para ninguém porque tem medo de agressões.
Esta é a realidade de milhares de crianças e adolescentes. Estima-se que, em 2017, pelo menos 130 mil crianças foram negligenciadas, violentadas psicologicamente e abusadas sexualmente, segundo levantamento do Ministério dos Direitos Humanos. As crianças e os adolescentes são com frequência mais vulneráveis as várias situações de violências, devido a sua fragilidade e a sua condição de ser humano em desenvolvimento.
Para o Ministério da Saúde as experiências vivenciadas, principalmente, pelas crianças nos primeiros anos de vida, considerados primeira infância, período que vai desde a gestação até os 6 anos de idade, têm impactos significativos na vida do futuro adulto. “São nos primeiros anos de vida que ocorrem o amadurecimento do cérebro, a aquisição dos movimentos, o desenvolvimento da capacidade de aprendizado, além da iniciação social e afetiva” (BRASIL, 2018.p.8).
Sabe-se que as violências infantojuvenis possuem impacto tão negativo que podem deixar marcas e sequelas, muitas vezes irreversíveis, se não ocorrer um atendimento adequado e fundamentado em uma política de atendimento integral. O adoecimento emocional pode ter início quando os pacientes ainda são bebês e é importante saber as variações das sensações emocionais de tais vivências traumáticas, se forem mal resolvidas, podem revelar-se no total distanciamento emocional, dificuldade de se relacionar afetivamente, depressão, baixa autoestima, violência, hipersexualidade, e até mesmo suicídio.
Em São José do Rio Preto, a realidade não é diferente de outras cidades brasileiras, o Município também apresenta centenas de casos de violência infantojuvenil, que podem ser violência física, psicológica, sexual, negligência e abandono e agressão autoprovocada.
O número de crianças e adolescentes internados após tentar cometer suicídio tem crescido a cada ano em Rio Preto, conforme apontam dados da Secretaria Municipal de Saúde. Entre 2015 e 2019, a quantidade de casos de violência autoprovocada atendidos pelo setor de emergência subiu 309% em pacientes cm idade entre 10 e 19 anos. Em 2020, 239 jovens foram vítimas agressão autoprovocada.