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DISTANTE DE CASA, PRESENTE NO AFETO: proposta de acompanhamento de filhas/os de mães privadas de liberdade, promovendo a convivência entre crianças e suas mães, por meio da arte.
Projeto Enfrente
Embu Das Artes
Resumo

A partir do trabalho realizado por um termo de cooperação técnica entre o Projeto Enfrente e a Secretaria de Assuntos Penitenciários, junto à diretoria de saúde da Penitenciária Feminina da Capital, temos realizado há 7anos atendimentos na ala materno infantil, com as mulheres gestantes e puérperas com seus bebês.
Durante esse processo, na imensa maioria dos casos, os filhos que ficam em casa passam a viver com as avós e/ou família extensa, após a prisão da mãe. Os companheiros não as visitam, diferente da posição oposta quando os homens são presos e as mulheres seguem no cuidado dos filhos, do homem e frequentemente ainda assumem seus postos dentro das atividades ilícitas. Até 2007, o Estado sequer continha dados sobre o encarceramento feminino e pouco se falava sobre esse fenômeno que cresceu mais de 130% nos primeiros anos de 2000 (invisibilidade sintomática que legitima a desigualdade e violência de gênero).
E os bebês, crianças e adolescentes filhos e filhas dessa população? O que vivenciam até que alguma rede de apoio se arme? Quanto tempo passa até que se perceba que a mãe foi retirada do contexto de cuidados? No momento da prisão, a mulher vive rupturas: a retirada de forma abrupta de sua vida social, e a falta de possibilidade de viver um momento de despedida de seus filhos e organizar uma rede de suporte e cuidados para eles. O fato é que muitas dessas mulheres são mães e cuidam de seus filhos no seu cotidiano. O que escutamos são histórias em que as crianças ficam à deriva, sem compreender o que aconteceu com sua mãe e porque repentinamente ela está ausente. Considerando o desenvolvimento psíquico, emocional e relacional dessa criança, viver uma experiência de vida de tamanha ruptura não é sem consequência.
Neste projeto nosso objetivo é acolher a dor vivenciada pelas mães e seus filhos a partir da privação de liberdade imposta à essas mulheres e consequentemente ao seu contexto familiar. A proposta está centrada em propiciar que o laço familiar e afetivo entre mães presas e seus filhos seja mantido. Pensamos que dentre os limites impostos pela situação, uma ação simples, viável e de grande sensibilidade, seria a criação de um espaço para a escrita e desenhos/pinturas tanto para as mães dentro da penitenciária, quanto para as crianças, de maneira a garantir a expressão dos sentimentos, pensamentos e entrega dos afetos. A possibilidade de enviar e receber cartas, bilhetes, marcas do que está sendo experenciado, é uma maneira de acalentar, sentir o outro por perto. Isso muda o curso de uma história.
Compreender, expressar, elaborar e comunicar são os objetivos principais desse espaço para alcançarmos então a raiz inicial que é seguir presente na vida dos filhos e vice-versa. Saber que não se trata de um abandono, e sim uma situação imposta e sobreposta de muitas outras. Contar com o apoio e permanência desse vínculo, faz com que essa experiência seja atravessada de uma nova perspectiva.

A efetivação desse trabalho dar se á com a realização de oficinas quinzenais em grupo com as mães, alternadas com oficinas quinzenais em grupo com as crianças. Neste espaço temos como proposta a leitura e acolhimento do que o material recebido suscitou, além da escrita e expressão artística a serem novamente enviadas.
Temos como profissionais envolvidos, duas consultoras técnicas responsáveis pela supervisão e coordenação do trabalho, seis profissionais responsáveis pela condução das oficinas e articulação entre elas e acionamento de serviços quando necessário. Também contamos com a parceria de uma docente da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo da Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde e estudantes na qualidade de pesquisadores de Iniciação Científica.

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