Visando melhorar o papel social, ambiental e econômico que a Coopersuss cumpre na cidade de São Sebastião, este projeto atende dois pilares importantes da sustentabilidade: a economia circular e a implementação da Política Nacional de Resíduos.
Por um lado, é sabido que, implementar a economia circular, resulta em processos mais sustentáveis. No modelo atual, o processo produtivo e o modo de vida da humanidade extraem mais recursos do que o planeta pode gerar. Se não mudarmos rapidamente o modelo atual de economia linear para circular, as consequências sociais e econômicas serão drásticas.
Por outro lado, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) determina que as empresas devem buscar a redução na geração de resíduos; que se deve aumentar os índices de reciclagem e reutilização e a destinação ambientalmente adequada. A PNRS determina que o setor público e privado realize a gestão de resíduos. Os instrumentos da PNRS são vários, entre eles, planos de resíduos sólidos, coleta seletiva e logística reversa. O PNRS tem como efeito da lei, a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, onde se pressupõe um conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas entre os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos. A PNRS determina, como um de seus princípios, a integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.
Dito isso, vale salientar que São Sebastião foi uma das primeiras cidades do país a implantar o sistema de coleta seletiva de materiais recicláveis, no ano de 1989. Para escoar os materiais recicláveis para triagem e destinação correta, a prefeitura criou um projeto social voltado a pessoas em situação de vulnerabilidade social. Participaram do início do projeto cerca de 30 pessoas; a grande maioria formada por mulheres negras e periféricas. Para poder trabalhar, todas tinham que estudar. Assim, trabalhavam durante o dia e estudavam à noite e, em troca, recebiam um salário-mínimo, cesta básica e vale transporte. Com o tempo a prefeitura deixou de apoiar o projeto, obrigando essas mulheres a se emanciparem. Assim, além da luta diária do trabalho de triagem, começaram a se capacitar, iniciando cursos de gestão cooperativista e economia solidária. Foi deste projeto social que nasceu a Coopersuss.Diante do cenário de pandemia e crise econômica, o mercado de compra e venda de materiais recicláveis está desfavorável para as catadoras e catadores. Os preços dos materiais estão muito baixos e essa situação não só coloca em risco a existência da Coopersuss (e compromete a renda dos cooperados), como impossibilita que novas pessoas ingressem na organização. Essa instabilidade sensibiliza a Coopersuss, pois vemos que há um grande contingente de pessoas desempregadas que poderiam ingressar na cooperativa para sair da situação de insegurança alimentar e de moradia. Porém, o cenário socioeconômico atual não favorece que a organização colabore mais. Ocorre que as catadoras e catadores estão passando necessidade e a renda não dá conta das necessidades básicas das trabalhadoras e trabalhadores. A cooperativa está buscando recursos financeiros para se reestruturar, para melhorar a renda das cooperadas e cooperados e poder admitir mais cooperadas (os).