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Na semana do Dia Mundial da Água, Represa Billings apresenta seu pior estado

Desde 2015, a Universidade Municipal de São Caetano do Sul monitora a qualidade da água da Represa Billings. Na última análise, feita no ano passado, os pesquisadores constataram que a água está no nível mais crítico desde o início do estudo. Nestes levantamentos, foram identificadas seis bactérias, sendo a mais perigosa a cianobactéria.


As imagens de alguns trechos das margens da represa chocam. Em alguns pontos, há uma quantidade de lixo acumulado que lembra o Rio Tietê em seu pior ponto. Em outros, um cemitério de peixes mortos por conta da poluição.


Essa poluição vem do esgoto doméstico não tratado, que é composto, basicamente, por substâncias que atuam como alimento para as algas. Tais impurezas chegam, principalmente, pelos rios e córregos que deságuam na represa e, também, quando chove muito e há risco de alagamentos na cidade de São Paulo, as águas do Rio Pinheiros são bombeadas para a represa para evitar danos. Daí, um volume enorme de água poluída chega à represa.


Há outros microrganismos que podem trazer problemas a quem tem contato com eles ou com o solo contaminado, afetando a saúde de milhares de pessoas que ocupam as margens da represa, que tem 460 quilômetros. A grande questão é que muitos trabalhadores têm, como única fonte de sustento, a pesca no local. Assim, o resultado é um ciclo óbvio e triste: correm risco o trabalhador ao entrar na água, o vendedor ao manusear o peixe e o cidadão ao consumí-lo.


Como sempre, quando falamos de meio ambiente, tudo está interligado. Grande parte da poluição da Represa Billings é resultado dos esgotos não tratados, que são alimento abundante das algas, que se reproduzem muito, gerando um cenário de superpopulação, que, ao morrerem, acabam liberando gás sulfídrico - o tão conhecido cheiro de "ovo podre" - que toma conta da região.


A situação se agrava com o calor, que também favorece a proliferação das algas, cuja toxicidade pode provocar sérios problemas de saúde, principalmente em crianças e idosos.


O Brasil tem sido um país de naturalizações absurdas. Naturalizamos a morte, seja pela violência e agora pela pandemia. E naturalizamos a poluição e a queima das florestas. Aceitamos como um fato da vida a cidade mais rica da América Latina ter dois rios mortos correndo em suas entranhas e uma de suas maiores represas em estado deplorável de qualidade.


Só uma ação coordenada na cidade, seus arredores, com investimento forte em saneamento e em fiscalização, pode fazer com que a gente sonhe um dia, senão mergulhar nas águas dos nossos rios e represas, mas, pelo menos, conviver com elas sem perigo.


A Sabesp, responsável pelo abastecimento de água na capital e em cidades da região metropolitana, informou, em 2020, que, além de despoluir os córregos que deságuam na Billings, existem obras em andamento na região, com previsão de término para 2022, que vão beneficiar moradores do entorno. Entretanto, o que fica claro é que a companhia faz o controle da proliferação das algas apenas nos braços do Rio Grande e Rio Pequeno - as menores e menos ocupadas áreas do reservatório. Ou seja, a ação não acontece na parte mais poluída da represa - que envolve a zona sul paulistana e os municípios de Diadema e parte de São Bernardo.


Nesta semana, celebramos o Dia Mundial da Água, em 22 de março, e esse é mais um momento para a reflexão sobre esse problema. Meu partido, meu mandato e meus propósitos têm o meio ambiente como um dos principais pilares. E, nesse contexto, nosso compromisso com o estado deplorável no qual se encontra a Represa Billings é enorme. Seguiremos vigilantes e agindo para que essa situação mude o mais breve possível.




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