VAMOS COMBINAR: Protagonismo Social no âmbito da Saúde Mental, Sexual e Reprodutiva e no enfrentamento da violência contra jovens e mulheres
OSCIP TERRA DAS ANDORINHAS
Campinas
Resumo
Numa epidemia como do HIV/Aids no Brasil, bem como das Hepatites virais ou de outras doenças de condições crônicas como a Tuberculose a a Hanseníase, muito além de oferecer o tratamento ou desenvolver programas de prevenção envolvendo apenas práticas clínicas, sem uma resposta adequada com foco na prevenção, no tratamento e no cuidado, no fortalecimento comunitário, nos direitos humanos e no enfrentamento ao estigma e discriminação, não haverá resposta efetiva de combate as IST/HIV/Aids nem no Brasil e nem em lugar nenhum.
De 2007 até junho de 2018, foram notificados no Sinan 300.496 casos de infecção pelo HIV no Brasil, sendo 136.902 (45,6%) na região Sudeste. No que se refere a distribuição segundo grupos etários, observa-se maiores taxas de detecção do HIV entre jovens, que se concentra na faixa etária entre 15 e 24 anos.
Em Campinas, A taxa de detecção da doença entre indivíduos entre 15 e 24 anos subiu 29% em 10 anos, segundo dados do Programa Municipal IST/Aids. Balanço realizado pelo Programa Municipal (dez. 2.019), o número de jovens entre 15 e 24 anos infectados pelo HIV em Campinas subiu de 7,9 para cada 100 mil habitantes em 1999, para 10,2 a cada 100 em 2.019. Uma grande preocupação tem sido a construção de respostas que sejam eficazes e baseadas em direitos.
O que torna as mulheres mais vulneráveis as IST/HIV/Aids/ Hepatites Virais ou a outras doenças de condições cronicas é um conjunto de interseccionalidades, como a cor da pele, condição econômica, nível de escolaridade, ausência de redes de apoio ou suporte familiar, além do estigma e da discriminação. As mulheres trans são mais expostas à infecção reunindo sobreposições desses fatores.
A gravidez na adolescência também é prejudicial. Ser mãe adolescente, sem planejamento e nem apoio familiar, ocasiona diversos problemas na vida da gestante e perpetua um ciclo de pobreza e exclusão social difícil de ser quebrado.
Na sociedade brasileira não há lugar seguro para as mulheres. De acordo com o Atlas da Violência 2020, 4.519 mulheres foram assassinadas no Brasil em 2018. O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2020 aponta um estupro a cada oito minutos em 2019 (totalizando mais de 66 mil vítimas).
O mesmo levantamento mostra que a própria casa é um ambiente ameaçador: foram 267.930 registros de lesão corporal dolosa em decorrência de violência doméstica, ou seja, uma mulher sofre agressão física a cada dois minutos. Ainda em 2019, 89,9% das 1.326 vítimas de feminicídio foram mortas pelo atual ou ex-companheiro.
Neste contexto as ações de base comunitárias são essenciais para intervenções mais participativas e solidárias, pois não podemos dissociar as condições de saúde de cada indivíduo do seu contexto social e nem dos desafios cotidianos a qual ele está submetido.
O projeto foi criado com vista no paradigma típico das organizações não governamentais e das suas características de especialização, competência técnica, profissionalização da militância, proliferação de iniciativas e de articulações internacionais, diálogo e sensibilidade no encaminhamento de suas pautas. Também é primordial ressaltar que as ações de Estratégia de Prevenção Combinada com OSC permite o desenvolvimento de estratégias de baixo custo e de grandes benefícios.
O desenvolvimento do projeto nos propicia uma expectativa positiva de que trabalhando “lado a lado”, governos, sociedade civil e comunidades, seremos capazes de promover uma resposta brasileira eficaz na garantia da saúde e qualidade de vida, baseada em direitos humanos.
O projeto favorecerá o enfrentamento das barreiras individuais que dificultam o acesso ao serviço de saúde, como a discriminação, informação, acolhimento, vinculação e outros. Visa potencializar uma resposta mais eficiente e inclusiva de promoção da saúde e da qualidade de vida, no campo dos direitos humanos, do respeito a diversidade, da educação sexual e reprodutiva e de combate a todas as formas de estigma e preconceito. Favorecerá ainda o enfrentamento da violência contra as mulheres.