A Rede Comadres é uma organização sem fins lucrativos, atuante em três favelas de São Paulo: Jardim Colombo, Morro do Peu e Haiti. A Rede tem como objetivo promover justiça social e de gênero por meio do fortalecimento de redes de apoio formadas por mulheres em regiões desassistidas.

Para a criação da ONG, foi realizada uma pesquisa para verificar se, no Brasil, havia instituições que tinham como objetivo: (i) criar vínculos entre meninas, jovens e mulheres para auxiliá-las em suas tarefas diárias e, ao mesmo tempo, (ii) capacitá-las, com ajuda profissional psicológica, para que pudessem se desenvolver educacional e profissionalmente. Nenhuma instituição encontrada na época combinava essas duas frentes que, juntas, minimizam as dificuldades provenientes da situação de vulnerabilidade social.

Nesse contexto, foi criada a metodologia de trabalho da Rede Comadres, a partir dos dois pilares fundamentais e interdependentes: conexão e apoio a projetos.
O pilar “Conexão” tece vínculos e dá as ferramentas para que mulheres em situação de vulnerabilidade social ou de gênero possam identificar suas próprias habilidades e necessidades e, com isso, apoiar umas às outras – dos pontos de vista pessoal, educacional e profissional.

O pilar da “Conexão” é implementado por meio de dinâmicas e cursos realizados quinzenalmente.
Tais atividades têm como objetivo fortalecer o vínculo entre as Comadres e trabalhar o desenvolvimento pessoal e profissional no plano individual e coletivo. Em tais encontros, são abordados diversos temas relacionados à equidade de gênero e justiça social, como violência de gênero, racismo, desigualdade social, desemprego, condições adequadas de trabalho, dentre outros.

O pilar “Apoio a Projetos” fornece apoio a projetos – educacionais ou profissionais – de mulheres da Rede. Esses projetos são selecionados por meio de edital com critérios que avaliam o retorno – não necessariamente financeiro – que trarão às outras mulheres da Rede e/ou à comunidade como um todo. Os Projetos selecionados são financiados direta ou indiretamente pela ONG e as Comadres que tiveram seus projetos escolhidos são capacitadas profissional e educacionalmente para implementá-los. Esse processo possibilita a identificação de lideranças, produção de conhecimento, geração de renda e desenvolvimento individual e produzem contrapartidas obrigatórias para a rede de apoio. Tais contrapartidas fomentam a continuidade, a expansão e a autossuficiência da rede.

O diferencial da Rede Comadres é a capacidade de organizar diversas redes de apoio simultaneamente (que impactam a vida de diversas mulheres) e atender a subjetividade de cada região assistida, oferecendo oportunidades de capacitação individual para cada Comadre a depender de seu momento de vida e de seus interesses educacionais e profissionais.

O trabalho realizado pela Rede Comadres impacta de forma significativa a vida das mulheres que fazem parte da Rede e da comunidade em que estão inseridas. Isso ocorre principalmente porque:

(i) A organização de redes de apoio permite com que as mulheres criem a conexão necessária para que possam se ajudar mutuamente e diminuir a carga gerada pelo contexto em que se encontram. As dinâmicas, por outro lado, ajudam as Comadres a se capacitarem e as incentivam a buscar desenvolvimento pessoal, profissional e educacional;

(ii) Os projetos apoiados impactam todas as integrantes da Rede (e moradores da região em que se encontram), de forma direta ou indireta, e possibilitam (i) formação educacional (de acordo com a faixa etária em que cada menina, jovem ou mulher se encontra); (ii) a geração de renda;

(iii) a obtenção de mecanismos que promovem a inserção no mercado de trabalho;

(iv) a formação de lideranças femininas dentro da Rede e da comunidade.

(iii) O fortalecimento de coletivos de mulheres tem o potencial de transformação para toda a comunidade, uma vez que coloca as mulheres em posição de protagonismo e de agentes de transformação de sua realidade.

Por fim, a Rede atua de forma itinerante, isto é, capacita mulheres, apoia projetos que tornarão as redes autossustentáveis, identifica lideranças que irão assumir a organização da rede e então permite que a própria rede de apoio se torne um organismo vivo sem mais a necessidade da intervenção contínua da ONG.
Estimamos que esse processo durará, em média, 2 anos por rede de apoio.